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Mata 177 anos: “novos tempos para uma outra história matense”

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Foto Matheus Lopes

Personificar uma cidade-território pode incorrer em equívocos, mas como seria possível fazê-la de outro modo uma vez que por ela sentimos amor, pertencimento, enraizamento, aconchego, felicidade e não à toa, a concebemos como “mãe”?

Adjetivada tendo no feminino o gênero de identificação é compulsória, dada as associações tanto de limites quanto de potencialidades…porque quanto significante há no simbolo de uma mulher-mãe, desde o divino do poder de gerar outra vida e/ou amar “incondicionalmente”, até ter sua humanidade conferida por se equivocar dados as excessos em nome da preservação de seus descendentes.

E quem conhece e observa atentamente aos movimentos das muitas performances dos femininos com a devida sensibilidade poderá constatar um nunca ensimesmar, culturalmente ser quem sempre está disposta a cuidar, zelar, servir, viver em função dos demais…e assim a vida passa, e leva o tempo, os sonhos, as ambições.

O advento contemporâneo tem exigido que mulheres, sobretudo as mães sejam mais e dêem conta de cada vez mais atribuições.

E no caso da nossa Matinha?

Assim como muitas mães-solo tem tentado equilibrar a criação dos filhos, alguns também aderiram ao bônus do acesso a educação, mas outros tiveram que sobreviver então o trabalho é que é a prioridade. Outros ganharam asas e voaram para experimentar o exercício de liberdade e autonomia associado a capacidade de resiliência, pois vencer diante do sacrifício que for acarreta orgulho para quem assegurou base sólida, logo passos mais seguros e firmes em direção ao horizonte.

Mas e os que ficaram, ou melhor tem ficado ao longo do caminho?

Nos últimos 3 anos, assistimos uma crescente da violência ceifando muitas vidas, mas impacta ainda mais quando se trata de crianças e jovens pois soa como uma interrupção não só da existência mas de um futuro que não será possível.

É tão grave que nem a língua portuguesa e sua complexidade que há termo para quase tudo, haja visto a palavra saudade, se depara com a impossibilidade de substantivar, ou melhor, simbolizar a mãe que perde um filho, inexprimível.

Mas Mata está passando por um processo de intervenção estética, então pode ser sinal de novos ventos…quem sabe assim enfim chega o tão sonhado progresso e desenvolvimento capaz de promover o crescimento populacional em progressão geométrica, um IDH de responsa a ponto de não precisar investir em propaganda, ou apagamento de marcas de um passado glorioso que a fez entrar para história só que de um jeito esplendoroso.

Não sei vocês, mas harmonização facial tem caído num lugar comum de tornar todo rostos com formatos xerografados…quanta saudade do coreto da praça Barão Açu da Torre, e aquelas árvores que davam sombra de verão a inverno…e do mural da praça Amado Bahia, e aquela área na qual as crianças podiam brincar correndo, aprender a andar de bicicleta, contemplar a quermesse durante os festejos juninos…

Enfim, eu poderia listar 177 (cento e setenta e sete) razões que fazem dessa terra passível de se cuidada continuar sendo fértil, ou infelizmente árida e o poder para reverter cenários desfavoráveis está na mão de quem ama e só por isso já possui o suficiente para defendê-la, ninguém esquece de uma mãe nem quando elas morrem.

Cidades não deixam de existir como território, mas o tecido vivo que é seu povo, aos poucos se esvai em desesperança, desemprego, à míngua, sem orgulho, estima ou dignidade.

Viva Mata de São João e seu povo insubmisso!

 

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